«A vida é simples, nós é que a complicamos». Hoje vem-me "à memória esta frase batida", este cliché supérfluo e tantas vezes proferido desse jeito oco e desprovido de utilidade a que insistentemente recorremos quando fingimos ter descoberto a pólvora sobre a existência humana.
Isto tudo porque hoje me apetece dar razão ao dito e pensar que de facto é a nossa interpretação do que nos rodeia que adultera e deturpa descaradamente aquilo que será a nossa realidade. Realidade essa que não existe verdadeiramente, pois a minha realidade é diferente da tua, e a tua é diferente da realidade do outro, e assim sucessivamente até termos um emaranhado de realidades distorcidas e díspares que não se entendem nem jamais se encontrarão numa versão pacífica e utópica das nossas vivências diárias. Ou seja, numa versão consensual daquilo que somos ou que pensamos ser.
E é por isso que digo que complicamos a vida, pois andamos por aí a enganar-nos a nós próprios sobre a nossa existência e sobre a existência dos outros, ou sobre aquilo que deveria ser a nossa existência e a existência dos outros. No entanto, chegados a este ponto, não será afinal a vida exactamente isto, e portanto esta é inevitavelmente complicada por si mesma, tendo eu passado este tempo todo a criar um argumento caótico e incompreensível que me vem contradizer?
(tentativa falhada para voltar a "escrever" alguma coisa)