quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Milagre, dizem eles...

É perfeitamente compreensível que numa situação devastadora como a das cheias na Ilha da Madeira, as pessoas, perante o desespero da destruição de tudo o que construíram ao longo das suas vidas e perante os familiares e amigos que perderam, se agarrem ao menor sinal de esperança num futuro melhor.

No entanto, notícias como esta deixam-me profundamente revoltado e irritado. Isto porque acho no mínimo horrível que, existindo um Deus, e tendo ele uma catástrofe perante si em que morreram várias pessoas, em que várias casas, campos e negócios ficaram arruinados, que a única coisa que ele se lembre de salvar é a mera imagem duma santa.
E no meio disto tudo faz-me confusão ainda virem dizer que é milagre, e virem também bispos dizer que é um sinal dos céus. Muito bem! Deus, Todo Poderoso, em toda a sua glória, vai e salva: uma estátua... Sinceramente, milagre acho que seria não ter morrido ninguém. Aí sim convenciam-me de alguma coisa.

Posso estar a ser insensível e despropositado, mas recuso-me a acreditar num Deus materialista cuja principal preocupação é salvar estátuas de porcelana, madeira ou do raio que o parta em detrimento de vidas humanas. É que imagens de santas não faltam e quem as fabrique também não. Agora seres humanos, pode haver muitos, mas cada um deles é único.

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