Pegas no copo e dás um prolongado gole na esperança que o líquido nele contido te ajude a preencher o vazio criado por uma adolescência não vivida. Gostarias que fosse assim tão simples. Que bastasse um estado ébrio para te apagar de vez as dúvidas e os receios e te arrancar finalmente dessa entidade amorfa em que te tornaste uma simples desculpa que lhe dê a ela algo que a permita reparar em ti. No entanto, sabe-lo bem que preferes o prazer da hipótese incerta à crueza da realidade. É que a realidade, essa, tem insistido em tirar-te o sabor do «se» delicioso com que preenches os sonhos sobre aquele ser tão cuidadosamente idealizado e que insistes em não matar.
Desapontado contigo mesmo retornas ao copo momentaneamente esquecido simplesmente para constatares que, como tu, este se encontra já vazio.
Desapontado contigo mesmo retornas ao copo momentaneamente esquecido simplesmente para constatares que, como tu, este se encontra já vazio.
2 comentários:
'E...
Como é bom ver que alguém nos descreve na perfeição, mesmo sem querer, precisamente quando mais precisamos disso.
Enviar um comentário