Ontem estava animado por a minha família ir hoje passear e eu ficar por um dia sozinho com a casa só para mim, sem stresses e complicações. Só que me esqueci que existe um ritual típico nestes eventos.
6:20h
Sou abruptamente acordado pelo burburinho que se instala e que depressa se tranfsorma em chinfrim de Mercado Municipal, em parte devido à minha mãe iniciar as suas duas modalidades vocais típicas: ALTO e MUITO ALTO.
6:40h
Os meus pais discutem sobre o que levar na viagem em frente à porta do meu quarto.
7:00h
Ao chinfrim instalado junta-se o TOC TOC TOC constante e irritante provocado pelos saltos das botas que a minha mãe decidiu calçar.
7:10h
A minha mãe entra no quarto, diz-me que vão partir, pergunta-me como foi a minha viagem de ontem a Lisboa e avisa-me que, ao contrário do que lhe tinha pedido, me fez toneladas de comida.
7:15h
O meu pai entra no quarto e repete-me exactamente o que a minha mãe me disse antes.
7:20h
O meu pai grita do quintal que começou a chover.
7:30h
O meu tio, como é hábito, deixa a porta da rua aberta e o cão, como é hábito, sai por ela.
7:31h
Começa a discussão.
7:40h
O cão lá reaparece e finalmente decidem partir.
7:43h
Faz-se silêncio. Esboço um sorriso de alívio e aconchego-me na cama para dormir.
7:45h
Perco o sono. Já nada me vai fazer dormir agora.
Estava mesmo muito animado por ficar por um dia com a casa só para mim. Estava, a sério que estava.