quinta-feira, 30 de maio de 2013

A idade não perdoa

Em 2004 fiz 18 anos e como presente os meus pais ofereceram-me um telemóvel à minha escolha. Não sou esquisito com telemóveis, contento-me com que façam chamadas, mas tinha uma condição. Tem de ser um Nokia, que os bichos são resistentes como tudo. E assim foi. Chegado à loja, o jeito todo estiloso do 7260 preto piscou-me o olho, e está comigo até hoje. As teclas já estão quase todas gastas, o símbolo de mensagem de voz apareceu há uns meses do nada e teima em manter-se no ecrã, e há uns dias que começa a acusar cansaço e ameaça, pelo menos, ficar senil. É com uma enorme pena que constato que, mais tarde ou mais cedo, vou ter de me desfazer dele. Engraçado como, com o passar dos anos, nos acabamos por afeiçoar a determinados objectos inanimados que nos acompanharam ao longo dos anos e de vários momentos marcantes. O fim do secundário, a aventura universitária, as peripécias amorosas, as amizades e pessoas com quem me cruzei e que acabaram com os seus contactos ali registados... O meu 7260 é uma relíquia, um símbolo de uma juventude que, tal como o objecto em si, ameaça desaparecer a qualquer momento. E é por isso que a perspectiva da sua morte anunciada me entristece e deixa demasiado nostálgico.

2 comentários:

P disse...

Nostalgico como eu sou, percebi bem o sentido do que aqui escreveste. Mesmo que seja só um telemóvel, um objecto inanimado. Mas até nesse e desses nós lhe damos vida, por eles por vezes passam momentos que não se esquecem. Muito bom post, que nem sequer roça o lado materialista da vida!

Erre disse...

;)