quinta-feira, 27 de abril de 2017

Nada de novo por aqui...



Ele pára o carro perto de casa e vê lá mais ao fundo uma simpática jovem a fazer adeus na sua direcção. Não a reconhece e por isso olha à volta para tentar perceber se a jovem estará a acenar a outra pessoa. Não vê mais ninguém ali, fica entusiasmado e sai do carro estupidamente animado. Fecha a porta do carro enquanto assiste à jovem simpática correr alegremente para o cão que estava a brincar no relvado ao seu lado. Claro que era para o cão.

...

Em minha defesa, quem raio acena a um cão? Ou estou muito desactualizado nisto dos animais de estimação, ou fazer-lhe adeus não constava da lista de formas de chamar a atenção de um cão.



terça-feira, 25 de abril de 2017

Das coisas boas



Passar um 25 de Abril na altura das redes sociais implica ter que assistir a um chorrilho de barbaridades sobre o assunto que faz com que as veias da nossa testa ameacem rebentar da subida de pressão. Como desatar a citar a declaração universal dos direitos humanos por esses facebooks fora e explicar que sem determinado acontecimento a mesma não seria uma realidade neste país não foi suficiente para me fazer voltar a um estado mais calmo e comedido, decidi focar-me em coisas positivas.

E felizmente, de uma forma geral, a música nunca me desaponta nesse aspecto. Como por exemplo, o jovem do vídeo abaixo. É raro encontrar alguém genial, mas sabes que te deparaste com alguém assim quando o tipo consegue deixar-te vidrado em tudo o que está a fazer, sejam originais, colaborações, ou versões, ainda para mais quando nem és fã do estilo musical em causa. Rendido me confesso a Slow J.




Nem tudo o que reluz é ouro...



Aquele momento confrangedor em que tens a responsável de uma secção de um departamento de recursos humanos de uma grande empresa deste país a entrar em contacto directo contigo, mas constatas que não é para te oferecer emprego, mas antes para te pedir autorização para utilizar na sua tese de mestrado um instrumento compilado num artigo científico teu.

Com tanta popularidade que o meu trabalho académico passado tem tido, seria de esperar que a minha vida profissional fosse muito mais interessante e próspera do que realmente é. Um dia perco a vergonha e exijo em troca uma oferta de emprego. Hoje ainda não foi o dia. O espírito científico ganha sempre e eu acabo a partilhar tudo. 

Na verdade, nem eu quereria que fosse de outra forma. Valores não se vendem.



domingo, 16 de abril de 2017

Credos à parte, Páscoa no Alentejo é no campo!



Das coisas que não podem faltar.





quarta-feira, 12 de abril de 2017

É tudo uma questão de perspectiva



Quando oiço que os jovens de hoje em dia são uns vândalos, uns delinquentes, que não têm educação nenhuma nem respeito por ninguém, que são uma geração perdida, tenho sempre vontade de me rir. De me rir e de começar a citar sessões plenárias do parlamento:

«Quatro, ou, há quem diga, seis jovens mortos em desastres de Motorizada em Torremolinos; violências físicas, traumas psicológicos e como consequência dois suicídios de raparigas. Mobília destruída nos apartamentos de Torremolinos, distúrbios nas ruas e roubos muito especialmente nos supermercados onde os portugueses acabaram por ser controlados e impedidos de entrar, esfaqueamentos em Algeciras; tudo o resto e a anarquia que se seguiu pode ser imaginado facilmente pelos Srs. Deputados.»


Este é um excerto da Reunião Plenária do nosso parlamento do dia 08 de Abril de 1980 sobre mais uma de tantas viagens de finalistas. Pode ser consultado aqui


Relativismo precisa-se. Urgentemente. O que não desculpa comportamentos deploráveis, mas ajuda bastante a colocar as coisas em perspectiva.



segunda-feira, 10 de abril de 2017

E ele tenta...


Ofélia quis um dia salvar o mundo. Na sua mente de criança imaginou mil e uma possibilidades. Foi médica, bombeira, polícia, heroína de banda desenhada, bióloga, geóloga, cientista louca, criminologista, psicóloga e activista. Ofélia quis um dia salvar o mundo, mas o raio do mundo não a salvou a si. Os dias foram por si passando, e, sem que desse conta, consigo os sonhos foram levando.
Ofélia agora observa apática o seu armário ao final da noite. Tem que decidir o que vestir para amanhã não se atrasar para o trabalho. Tem hora certa para dormir e hora certa para acordar. Todos os dias são iguais. Todos os dias são cinzentos. Tão cinzentos como a parede do cubículo onde trabalha intrincadamente colaborando, sem saber bem como, para a manutenção das engrenagens burocráticas de um Adamastor corporativo. Meio anestesiada, Ofélia despeja diariamente naquele cubículo cada gota do que foi, do que é, e do que alguma vez aspirou ser. Quando termina, volta sem vida a casa, seguindo o enxame de carros que se junta todos os dias na mesma direcção, e sem vida passa indiscriminadamente pela cozinha e senta-se só em frente a um ecrã onde alguma coisa está a acontecer, mas há muito que deixou de se preocupar com isso. 
Pelo meio da anestesia e do sono, uma réstia de sanidade agita-a por momentos da penumbra. Pergunta-se como chegou ali, mas não obtém resposta. Olha à sua volta, e tenta fazer sentido de tudo isto até que os seus olhos caem sobre o relógio da sala. Por Deus! Deixou-se dormir e ainda não decidiu o que vestir para amanhã.



segunda-feira, 3 de abril de 2017

Bater no ceguinho - um contributo



Em relação ao polémico busto que se encontra desde há uns dias no aeroporto da Madeira, tenho apenas isto a acrescentar:









Tenham uma boa noite.


Here we go again...



Repito-me. Olho para trás e enxergo bem o que para trás ficou e vejo um loop interminável e entediante dos mesmos lamentos e frustrações, de tal forma emaranhados que já não se destrinçam uns dos outros. Estagnado indefinidamente no mesmo ciclo de autocomiseração, é nele que me aconchego. Confortável o desconforto familiar, mais que a incerteza do desconhecido para lá do padrão.

Repito-me...