Perdoem-me o desabafo lamechas, mas preciso orientar ideias. Estes meses têm sido meses de aprendizagens. A todos os níveis.
A primeira é que gosto de Lisboa, apesar de achar que tudo está longe de tudo, mesmo com essa invenção fantástica que é o metropolitano. Constatei é que gosto dela pelas razões erradas. Aqui sou verdadeiramente ninguém, completamente invisível, tanto pela imensidão de desconhecidos que se cruzam diariamente como pelo facto de ninguém querer saber de ninguém. Fascina-me como toda a gente vai por aí no meio desta multidão fechada no seu mundo, alheia a tudo o resto. Gosto de Lisboa por isso, sinto-me um miúdo com a sua lupa a seguir um carreiro de formigas para lado algum.
A segunda é que Évora é afinal um pedaço de mim que não consigo deitar fora. Faz-me bem o seu sossego, a sua paz, preciso do nada que acontece a todo o momento. Gosto de me preocupar com ela e de acreditar que faço lá falta, sabe-se lá para quê.
A terceira é que me enganei a mim mesmo. Durante cinco anos da minha vida acreditei piamente que este era o meu caminho, que ter boas notas no curso que escolhi, gostar dele, só poderia ser um sinal que tinha acertado e que era este o futuro a seguir. No entanto, a realidade de trabalho começa a revelar-se uma desilusão e acho que não sirvo para isto, que não sou tão bom como pensei que poderia ser. Na verdade acho que isto não sou eu e a realização disso deixa-me de rastos. Mudar de rumo já me passou pela cabeça, mas não tenho para onde, nem para o quê, nem para quem. Ao contrário de toda a gente à minha volta, não sou bom em nada, não tenho talento para nada, nem há nada que goste de fazer, nem nada que me consiga imaginar fazer. No fim de contas, não tenho para onde me virar, o que me leva à quarta e última aprendizagem:
Não passo de um preguiçoso inútil com medo de agir para não falhar quando na verdade já falhei no mais importante. Viver.
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