sábado, 17 de janeiro de 2015

Medo do medo




Já irei certamente juntar-me bastante tarde à "discussão" do assunto, em parte porque tenho achado que não trago nada de novo ao mesmo, e em parte porque também não acho que interesse a alguém o que tenho a dizer sobre isto. E já muita "água rolou" sobre isto e muita coisa foi dita e opinada. As redes sociais são um fenómeno engraçado porque nos dão a ilusão que temos o dever de nos manifestarmos e indignarmos sobre tudo e que toda a gente nos quer e precisa ouvir ou ler (e, acima de tudo, concordar connosco). Mas encontrei o video acima recentemente e o que nele se passa mexeu profundamente comigo.

Preocupa-me que ainda não se tenha percebido que nesta história toda não está em causa se os conteúdos de um determinado jornal satírico são ou não ofensivos para alguém, ou se não será suposto que a própria definição de «sátira» seja precisamente colocar dedos em feridas e incomodar outros. Preocupa-me que ainda não se tenha percebido que não está em causa se é correcto ou não que se ache que quem põe em causa dogmas e os critique (independentemente de questões de bom gosto ou bom tom) esteja de certa forma a pedi-las, e  que se ache que tudo isto é justificável.

O que está em causa nisto tudo é o que está neste video. É a atitude "nós não temos nada a ver com isto, nem queríamos mostrar, desculpem se vos ofendemos, agora por favor não nos matem". A partir do momento em que um espaço noticioso se auto-censura evitando mostrar "toda a notícia" para não ferir eventuais susceptibilidades, é no mínimo caricato que ainda se ande a embandeirar liberdade de expressão, de opinião ou de informação e a falar em valores e princípios democráticos. Já os perdemos.

Isto tudo para dizer que o que me assusta neste video, o que me deixa completamente aterrado, é o próprio medo.


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