quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Prenúncio de um adeus inevitável

Há mais de dez anos que não o segurava no meu colo. Sempre foi um cão "dono do seu focinho" e de feitio difícil. Em parte a culpa também é minha, que nunca soube transmitir afecto e fiz com ele o que faço com as pessoas que me são próximas - parto do princípio que sabem que gosto delas e fico-me por aí. Foi por isso estranho voltar a carregá-lo nos braços ao fim de todo este tempo sem o ouvir protestar ou sem que me tentasse morder. Em vez disso, as suas forças desvaneciam-se e o olhar vazio acusava o cansaço de uma vida longa de mais para a sua espécie.
O meu cão vai morrer. Hoje juntou mais um problema à lista que a velhice foi acumulando e a necessidade de passar os próximos dias internado vão-nos confirmando que será apenas uma questão de tempo. O meu cão vai morrer e não há racionalização ou incapacidade de demonstrar afecto que me valham.

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