Hoje, se pudesse, fazia com que o condutor da Carris que me levou até ao trabalho fosse condecorado, ainda que por motivos puramente egoístas.
Os senhores do Metro lá voltaram a ter umas horas de lucro sem despesas com mais uma greve parcial e eu poderia ter chegado mais uma vez atrasado ao trabalho sendo esmigalhado no caminho pela ânsia irracional de quem quer chegar a todo o custo ao trabalho, mesmo que isso implique avariar portas de autocarros e empurrar pessoas contra os vidros. Mas hoje não foi assim. Depois de 50 minutos a tentar apanhar um autocarro onde conseguisse entrar, lá apanhei um e preparei-me psicologicamente para uma hora de tortura como na semana passada, com direito a pisadelas, empurrões e cotovelos espetados no estômago. Mas o senhor condutor teve pena de nós - e certamente dele próprio - e fechou as portas antes de sermos esborrachados, não deixando entrar mais ninguém em mais nenhuma paragem, parando apenas uns metros antes das mesmas se fosse preciso deixar sair as pessoas.
Apesar das caras de indignação estampadas nos rostos de quem estava do lado de fora - pois cabia perfeitamente uma pessoa ou duas nos 20cm que separam, por exemplo, a senhora gorda da mochila do senhor indiano - foi com um sorriso de satisfação estampado no rosto que fui o caminho todo à larga e sem atrasos.
Só fiquei mesmo sem saber se o sacana que foi o percurso todo a carregar no stop para obrigar o condutor a abrir as portas em todas as paragens o fez porque precisa de calor humano e só esfregando-se assim nos restantes passageiros se sente recompensado (depois de se saber o que é o frotteurismo, andar de transportes públicos nunca mais é a mesma coisa, pois não?), se porque queria apenas irritar o condutor, ou se simplesmente era daqueles que pertence àquele grupo restrito de pessoas que se diverte a ver o "mundo ruir".
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